setembro amarelo

Informação e diálogo para combater a depressão infantil

Natália Müller Poll

Há sete anos, o mês de setembro se "veste" de amarelo para representar uma importante causa: conscientizar a população em relação à prevenção do suicídio e, consequentemente, aos cuidados com a saúde mental e combate à depressão. Por meio de esforços conjuntos da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), do Conselho Federal de Medicina (CFM) e do Centro de Valorização da Vida (CVV), a campanha Setembro Amarelo ganhou uma importância ainda maior em razão dos reflexos da pandemia da Covid-19.

Decreto que permite torcida nos estádios é publicado pelo governo estadual

Dentro desse cenário, e com todas as limitações impostas pelas medidas de segurança adotadas - como o distanciamento social, a perda de emprego e o estresse financeiro -, houve uma piora nos sintomas em quadros de ansiedade ou depressão e em doenças relacionadas à saúde mental.

Leilão da Receita Federal arrecada quase meio milhão de reais

FALAR É NECESSÁRIO
Doença séria, e por vezes silenciosa, a depressão exige cuidados, desde a prevenção até o diagnóstico e tratamento. Por isso, é necessário dialogar sobre o assunto. Membro da Seção de Suicidologia e Prevenção ao Suicídio da European Psychiatry Association (EPA), a psicóloga Cleonice Zatti tem doutorado e demais estudos na área há 10 anos. Ela explica que o  agravamento da saúde mental, ocasionado pela pandemia, é uma boa oportunidade para divulgar campanhas de suporte emocional.
- Acredito que a nossa principal ferramenta, neste momento, seja a mídia. Por meio dela, podemos divulgar espaços e locais que possam oferecer qualidade de vida e saúde mental na  era da Covid-19, que deixa marcas físicas e emocionais no mundo. Mesmo quem não perdeu alguém pela doença ou quem não a tenha contraído, a vivenciou com alguém próximo.  Ninguém passa por uma pandemia sem ser tocado de alguma forma. Por isso, é tão importante falar a respeito disso. Além disso, quem estiver em uma situação de crise emocional, precisa saber onde buscar ajuda - explica. 

UFSM abre concurso público para duas vagas de docentes do Magistério Superior

Em Santa Maria, diversos locais oferecem atendimento e orientação para quem precisa de suporte emocional e psicológico. Mas, para quem quer ajuda sem  sair de casa, a psicóloga indica o site mapasaudemental.com.br e o canal do CVV, pelo site ou pelo telefone 188.

Conforme Cleonice, a divulgação e as campanhas de conscientização da saúde mental não devem se limitar ao Setembro Amarelo, mas deve-se tratar do tema o ano inteiro, com foco em  assuntos como bullying, um dos desafios na busca pela saúde mental infantil questões de raça e gênero, e temas comuns ao público jovem.
- Na infância, tem-se uma ideia de que crianças não "sofrem", "não têm depressão". Já ouvi essas falas em atendimento clínico. Já na adolescência, fase de transição em que o  adolescente pode sofrer sentimentos de desesperança, é importante oferecer espaços de escuta, seja na família, no convívio com amigos ou na escola. Independentemente da idade, se  há sofrimento existencial, é necessário acompanhar- orienta a psicóloga, é especialista em psicoterapia psicanalítica na infância e adolescência.

Boletim da Fiocruz indica tendência de estabilização de pandemia na região

Dados da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) apontam que a depressão, que parecia exclusividade de adultos, afeta cerca de 2% das crianças e 5% dos adolescentes do mundo. O desafio está no diagnóstico, já que os sintomas podem ser confundidos com teimosia, tristeza e mau humor. A diferença é a intensidade e frequência (leia mais abaixo). Conforme a ABP, os sintomas costumam se manifestar após algum trauma como a separação dos pais, mudanças e morte, é o que explica o psicólogo Patrick Ramos Camargo, especialista em crianças e adolescentes. O desafio está no diagnóstico:
- A depressão na infância e adolescência apresenta-se, principalmente, com a irritabilidade. Isso dificulta um pouco para os pais, já que é comum confundir depressão com apatia e tristeza. O desafio é maior, visto que essas faixas etárias envolvem toda uma questão hormonal - relata.

OUVIR É FUNDAMENTAL
Depois de diagnosticada, a depressão e os transtornos psicológicos precisam de tratamento. Conforme o Conselho Federal de Medicina (CFM), o uso de medicação em crianças e  adolescentes é indicado apenas a partir dos 6 anos e se os demais acompanhamentos não obtiverem êxito. Em crianças, na maioria das vezes, o apoio da família e a psicoterapia são  suficientes. Já para alguns adolescentes, mesmo os que necessitam de medicação, o aconselhamento pode ser a terapia mais eficaz.
- Nos meios das redes sociais, todos podem ser agentes transformadores. É importante compartilhar informações para que mais pessoas tenham conhecimento do tema para ajudarem a  si e a outros que precisem - acrescenta Cleonice.
Já para quem quer ser agente ativo no auxílio e na escuta empática, é possível ser voluntário do Centro de Valorização da Vida (veja como, na página abaixo).

PRINCIPAIS SINTOMAS DA DEPRESSÃO

EM CRIANÇAS

  • Sentimentos de desesperança
  • Dificuldade de concentração, memória ou raciocínio
  • Angústia
  • Pessimismo
  • Agressividade
  • Falta de apetite
  • Tronco arqueado
  • Falta de prazer em executar atividades
  • Isolamento
  • Apatia
  • Insônia ou sono excessivo que não satisfaz
  • Desatenção em tudo que tenta fazer
  • Queixas de dores
  • Baixa auto-estima e sentimento de inferioridade
  • Pensamento de tragédias ou morte
  • Sensação freqüente de cansaço ou perda de energia 
  • Sentimentos de culpa
  • Dificuldade de se afastar da mãe
  • Medos e aflições de abandono e rejeição

O QUE FAZER

  • Ao primeiro sinal de depressão, os pais devem acolher a criança e encaminhá-la a um profissional o mais rápido possível. Na maioria das vezes, o apoio da família e a psicoterapia são suficientes. Somente a partir dos 6 anos de idade, é necessário, em alguns casos, intervir com medicamentos. A depressão infantil desencadeia várias outras doenças tais como: anorexia, bulimia, etc

EM ADOLESCENTES

  • Cansaço excessivo
  • Sonolência
  • Exaustão
  • Muitas horas de sono
  • Alta irritabilidade
  • Isolamento
  • Dificuldade de concentração
  • Perda do interesse em atividades da rotina
  • Falta de vontade de viver

O QUE FAZER

  • A primeira coisa a fazer é procurar ajuda de um profissional capacitado para que o mesmo possa diagnosticar a doença e então entrar com aconselhamento e tratamento. O adolescente, os familiares e o médico devem chegar a uma decisão sobre o tipo mais adequado de tratamento para o paciente. Para alguns adolescentes, o aconselhamento pode ser a única terapia necessária mas para outros não é o suficiente sendo necessário o uso de medicamentos juntamente com o aconselhamento que envolve o adolescente e sua família sendo bastante benéfico.

UM ESPAÇO PARA PROCURAR E OFERECER AJUDA

Centro de Valorização da Vida (CVV)

  • O CVV é um serviço de emergência que presta apoio emocional pelo telefone 188, 24 horas, de forma gratuita. Pela internet, o centro oferece, ainda, a possibilidade de atendimento via chat, em que voluntários treinados interagem com internautas. O acesso pode ser feito por meio do site 
  • Para quem - Para todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo w Como acessar - Pelo telefone 188
  • Seja um voluntário - Se você tem 18 anos ou mais, só precisa fazer um curso gratuito, oferecido pelo CVV, que será realizado no dia 9 de setembro, das 19h às 22h, em ambiente virtual. As inscrições podem ser feitas pelo e-mail santamaria@cvv.org.br


Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Doses de CoronaVac interditadas pela Anvisa devem chegar nesta segunda-feira ao Estado Anterior

Doses de CoronaVac interditadas pela Anvisa devem chegar nesta segunda-feira ao Estado

Próximo

Veja as próximas ações de vacinação contra a Covid-19 em Santa Maria

Saúde